Caminhamos sobre Pedras...

Num exercício quase filosófico de reflectir sobre o que somos, o que fomos e o que queremos ser. E é neste exercício de caminhar sobre pedras que podemos vislumbrar uma viagem libertadora do ser humano. Quem Somos? O que Queremos Ser? Para Onde Vamos? Ou mesmo, o que é arte ou o que é o belo? São conversas trilhadas à medida que caminhamos sobre as pedras falantes...

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Mulher Ousada

Eterna sedutora


o seu corpo arde de desejo
a sua vontade contagia qualquer um
...a sua força
o seu poder
domina quem se atravesse em seu caminho
caminho este que na sua vida não passa
de eterno desejo...
a beleza do seu corpo
a doçura da sua boca
resistir?!
Resistir porquê???
Segue-a ela te levará pelos caminhos
do prazer
Puro prazer
Doce prazer
Deixa-te render...
[Estela Brito]

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

...

A maior solidão é a do ser que não ama.
A maior solidão é a dor do ser que se ausenta,
que se defende, que se fecha, que se recusa a participar da vida humana.

A maior solidão é a do homem encerrado em si mesmo, no absoluto de si mesmo,
o que não dá a quem pede o que ele pode dar de amor, de amizade, de socorro.

O maior solitário é o que tem medo de amar, o que tem medo de ferir e ferir-se,
o ser casto da mulher, do amigo, do povo, do mundo.
Esse queima como uma lâmpada triste, cujo reflexo entristece também tudo em torno.
Ele é a angústia do mundo que o reflete.
Ele é o que se recusa às verdadeiras fontes de emoção, as que são o patrimônio de todos, e, encerrado em seu duro privilégio, semeia pedras do alto de sua fria e desolada torre.

Vinicius de Moraes

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Música #2

Reflexão #1




As cartas escrevem-se pelas paredes.

Deixei que os vizinhos saíssem primeiro,
antes de toda a gente, como se eles não fossem
o que são, quando eu durmo.

Uma coisa é vergar uma barra de aço,
outra é acordar o que não dorme.

Como dois olhos inúteis, assim se
viam as minhas mãos, quando a casa era
estéril e a música não tocava.

Em todos os corredores, uma marca
de fogo nas paredes, ardendo como água,
calcinando as memórias que estendi
por elas, de alto a baixo

um papel de parede longínquo e
absorto de mim próprio.

Ensinei-me a ler para conseguir
que as tuas cartas fizessem sentido,
quando mas mandavas:

estendia à luz aquele papel azul,
com enfeites de uma só cor espalhados
aleatoriamente pela folha - no meu tempo
não entendia nada

agora quando olho para a folha
consigo ver-te.

E mesmo assim parece que continuas sem
me responder. Os dias semeam-se entre as
minhas palavras. Não acaricio o rosto já, com medo
do que vem depois.

Parece que as mãos se tornaram pedaços de
ferro, frias, sólidas - já não se desfazem
enquanto te escrevo a carta:



Ontem foi um dia tarde demais. Ontem, as crianças
jogavam no parque.

Hoje, se retornar, não estarão mais lá. Saíram
sem aviso, foram-se embora, cansaram-se de tanto
olhar um pedaço vazio de mundo, onde velhos
se contorcem para fingir que ouvem, enquanto se
deleitam com retratos a carvão e palavras
sem sentido.

Tudo lhes causa transtorno, nos dias que correm.
Outro dia, foi um jovem que se perdeu. Pegou nas
coisas que tinha, zarpou mundo fora como se ele
ainda existisse - sem medo.

Mas outros dias há muitos. Jovens que partem
há-os todos os dias, nós é que nunca os contámos.

E eu nunca parto. Fico sempre aqui, de mochila às costas,
sobretudo na mão, o livro na outra, e uma carta
na algibeira, de tinta já gasta e envelope
um pouco encardido.

Por isso mesmo, quando me preparo para partir,
sento-me - como se estivesse a curar um cansaço que
ainda não me tomou.

Como se as minhas mãos já tivessem escrito milhentas
páginas de coisas sem sentido, de textos sem
morada ou sem remetente definido - enfim, coisas.


Coisas como as praias. Praias como coisas.
Textos como poemas. Poemas como não-textos.

E barras de aço sem sentido. Daquelas que quebram
ao mínimo toque, mesmo que seja uma carícia. Mesmo
que as nossas mãos se unam e encenem um gesto
meigo e lento - como a nossa face a olhar o mundo -
como o mundo a perder-se lentamente pelas pálpebras
que já não se fecham.

À noite é quando tudo se junta dentro de nós,
e se estende pelo chão. Aí, cria-se ininterruptamente
uma vontade de varrer o soalho para que nenhuma
outra cara grite mais, como se as paredes tivessem
vida

e nós não.

As cartas escrevem-se pelas paredes - é esta a verdade
que o mundo segura. E as chamas de isqueiro todos
os cigarros todos os acidentes todas as nascenças
mortes descalabros guerras balas tudo isto
tem um sentido

mas o dos textos, esse, ainda o procuro.
Por isso é que escrevo cartas, ainda que só hoje
tenha aprendido a ler as tuas.



Sérgio Xarepe

Música #1

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

A PROCURA DOS SINAIS...

DIE Soek vir tekens...

Unë të kërkojë sinjale...

DIE SUCHE NACH SIGNS...

...تبحث عن توقع

Ես փնտրում ՆՇԱՆՆԵՐ...

üçün axtarış BURÇLARI…

Я гляджу на знакі…

Estic buscant els signes…

Dívám se na znamení…

我期待已久的跡象…

Iskanje signali…

Mwen gade pou siy…

Jeg ser for tegnene…

흔적을 찾고…

Buscar las señales…

Otsi signaale…

Etsi signaalit…

Je cherche les signes…

Ik kijk naar de tekenen…

I seek the signals…

Cerco i segni…

Я смотрю на знаки…

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Homem Fato 1

PARA VIAJAR BASTA EXISTIR...


A sustentabilidade de uma viagem...


A sustentabilidade de uma viagem
Inicia-se exclusivamente e puramente
da energia natural, gerada pela
peculiaridade de um bom senso de união.

A dita viagem é por si só uma ligação
umbilical ao centro de “uma qualquer
coisa – Esfera”, não visível aos olhos de
quem vê, mas unicamente de quem
sente.
Isto é um sinal, e é aquele que se procura.
A harmonia humanitária ao seu mais alto
nível de sabedoria espiritual.

Pode ser no claro ou no escuro, pode ser
matéria ou mesmo anti-matéria, mas o
que realmente importa, é o sinal que
recebemos da nossa natureza.
É simples, impecável e energeticamente
sensual, quando nos tocamos sem ver e
sentir os corpos expelirem de energia
fogosa.
O escuro é ausência de cor, pelo simples
facto de não existir iluminação, Luz, mas é
nestes momentos que encontras a
verdadeira essência humana, a
verdadeira força espiritual, cósmica que
nos acompanha, sem que muitos possam
ter a pureza de sensibilidade de
acompanhar aquilo que nos mais
transcende,

No escuro, quando vês cores, não te
assustes, é unicamente os raios interiores
de cada alma a encaminhar-te por um
certo destino, não linear mas puro de
viver.
São estes sinais que têm-se de saber
interpretar.
Tal e qual quando aprendes que um mais
um é igual a dois.

Simples não é!? São os sinais…
Homem do Fato 1 [Nuno Relvas]
‎" O Teatro necessita que os personagens que apareçam em cena, levem um traje de poesia e ao mesmo tempo que se lhes vejam os ossos, o sangue..."
F.G. Lorca, 1936

Antes da Viagem...